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    GUARARAPES: DUAS VEZES E SEMPRE BRASIL

    GUARARAPES: DUAS VEZES E SEMPRE BRASIL

     

     

    As duas Batalhas dos Guararapes representam a culminância das lutas renhidas travadas contra a Invasão Holandesa. Iniciada em Pernambuco, ao norte de Olinda, em 15 Fev 1630, com resistência heróica, sob o Comando geral de Matias de Albuquerque, especialmente no Porto do Recife, onde o capitão Lima, no forte de São Jorge, com 37 homens, resistiu 15 dias ao ataque desproporcional de 650 holandeses, até ruir. Registro elogioso do Cmt adversário, Cel Waerdeenburg: “Os soldados dessa terra são vivos e impetuosos e não são, de modo nenhum, cordeirinhos”. Foi a “Guerra do Açúcar”, agroindústria que Duarte Coelho fizera florescer a partir de 1532 (sem ele, não teria vindo Nassau, um século depois).

    1648, manhã de 19 de abril, 1ª Batalha dos Guararapes aurora de sangue da Pátria nascente; a primeira grande Batalha ante a ocupação batava. Dia 18, ao comando do Gen Von Schoppe, 6.300 homens, em marcha matinal, saíram para Afogados, Barreta e Guararapes. Manobra diversionista dava a impressão de que atacariam o Forte do Arraial (na Várzea). Mas Cardoso observou, de um ponto alto onde hoje é o 4º B Com, e pressentiu seu real escopo. Ao romper o cerco sobre o Recife, tomaram os Montes Guararapes e o grande PSUP de Muribeca, o Forte de Nazaré e Suape, o Porto dos Patriotas, buscando isolá-los. Atacaram a Barreta (200 bravos resistem: quase todos degolados). Pernoitaram na sede da vacaria de Antonio Cavalcanti (Praia de Boa Viagem), um dos signatários do “Compromisso Imortal” da Insurreição Pernambucana (23/5/1645). Nosso Exército, com 2.200 combatentes, marchou acelerado para cortar esse avanço. O Comandante, Gen Barreto de Menezes, delegou o detalhamento das Operações aos Mestres de Campo (Coronéis), experientes no terreno. Cardoso optou pelos Montes e o Boqueirão dos Guararapes para combater o inimigo em estreita frente.

    Manhã de 19, o Exército Holandês chegou ao Boqueirão (entre os Montes e o lodaçal, a leste). Front estreito. Começou a enfrentar os 200 precursores de Cardoso, julgando serem os únicos. Estes, lutando e recuando, atraíram os batavos para os vales, ampliando as estratégias e táticas das Batalhas do Monte das Tabocas (03 Ago 1645) e de Casa Forte (17 Ago 1645). Com o grosso do seu Terço, espremeram a ala esquerda inimiga para o lodaçal; dizimada pelos índios de Camarão. O Terço de Henrique Dias investiu na ala direita adversária que, em desordem, recuou. Mas contra-atacou com sua retaguarda de 1.200 homens, empurrando o terço de Henrique até o Monte do Sudoeste (hoje, da Igreja). Crucial instante: o Terço do paraibano Vidal de Negreiros, na reserva, atacou forte, rechaçando a tentativa de recuperação. Gravemente ferido Von Schoppe e seu poderoso Exército foi completamente batido.

    1ª Batalha dos Guararapes – sangrenta Vitória da “Guerra Brasílica”, da tática de pelejar em Grupos de Combate, avançando e recuando estrategicamente, com o apoio da Artilharia. Foram quatro horas de batalha. Perdas dos batavos, entre os mortos e feridos: 1.038 homens. Humilhante retirada. Com esse triunfo, aumentaram os apoios da população aos patriotas.

    2ª Batalha dos Guararapes, 17 Fev 1649. Com 3.650 homens, ao comando do Cel Brinck, saíram do Recife para o Boqueirão e os Montes Guararapes, reproduzindo o feito dos nossos no ano anterior, certos de que venceriam antecipando-se, atraindo nossas Tropas. Mas a nossa criatividade se impôs. Nosso Exército, de 2.640 homens, à noite de 18 de fevereiro, com o boqueirão ocupado, contornou os Montes pelo lado oeste, estacionando na fralda sul, camuflado pelo vasto arvoredo, com os fartos suprimentos em água e víveres, de Muribeca.

    19 Fev 15 horas. Tarde escaldante, sob o “General Sol”, os holandeses, famélicos e sedentos, sem Intendência nem Informações, decidiram retirar-se, com a idéia falsa de que os nossos estariam fracos; assim, não atacariam. Deslocaram quatro Regimentos de volta ao Recife, dois ficaram para dar-lhes cobertura.

    Nosso Exército, ao Comando do Gen Barreto, atacou de surpresa, com violência máxima, a retaguarda inimiga. Tivemos seis Unidades de Infantaria aos Comandos de Vieira, Cardoso, Digo Camarão (seu tio Felipe, falecera em consequência da 1ª Batalha), Henrique Dias e Figueroa, e duas Companhias de Cavalaria (comandadas por Antonio Silva e Manoel Araújo). Impetuoso ataque, que desmanchou o Exército batavo. Conforme Souza Júnior, “mais uma vez os Patriotas, inferiores em número, mas superiores como combatentes, derrotaram os soldados de um dos mais poderosos Exércitos da Europa”. Morreu na batalha o Comandante Brinck. Seu Exército retirou-se em pânico, com 1.444 baixas (sendo 927 mortos, 89 feridos e 428 prisioneiros). Os Patriotas tiveram 45 mortos e 245 prisioneiros e feridos. Aumentou o cerco patriota sobre o Recife, com o concurso da Esquadra da Companhia de Comércio do Brasil. No dia 24 de janeiro de 1654, os Patriotas tomaram a capital. Dia 26, o Exército Holandês firmou a rendição, na Campina do Taborda, em frente ao Forte das Cinco Pontas. Em Guararapes, de acordo com Gilberto Freyre, “escreveu-se com sangue o endereço do Brasil”.

     

    Nessas lutas ingentes começaram a forjar-se “O BRAÇO FORTE E A MÃO AMIGA” do Glorioso Exército de Caxias.

     

    Gildo Tavares – 2º Ten R/2 Art e Advogado

    ex-Presidente da Associação dos Ex-alunos do CPOR/R


    Última atualização (Sáb, 27 de Fevereiro de 2010 00:33)

     
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